"O artista, um contemplativo que passa, atento somente, às manifestações de cor, de harmonia e de beleza, que escapam aos olhos dos outros."
Domingos Rebêlo, num artigo que escreveu sobre os seus tempos de estudante em Paris, in "Açoreano Oriental", 13 de Janeiro de 1946.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Correio dos Açores - Edição de 21 de Outubro de 2015


Ponta Delgada, 18 de Outubro de 2015

Se há coisa de que gosto é passar um domingo em família. E foi o que fiz. Olhando a Serra de Água de Pau vejo também o tardoz de casas típicas micaelenses, onde se pode verificar as chaminés que induzem a existência do forno de lenha para cozedura, entre outras iguarias, do pão caseiro.

E, inevitavelmente, não pude deixar de pensar no que se está a desenhar na atual conjuntura do país. Passadas três semanas do 4 de Outubro, o país ainda vive na incerteza de quem será o próximo governo. Lamentável situação. O dia não escurece de um minuto para o outro, o mesmo deduzo das posições crónicas dos partidos que, neste momento, estão de mão dada com o principal derrotado destas eleições. Seria a quebra precoce de um paradigma que já se vem arrastando, mas sem evolução, há cerca de 4 décadas. Lamentável é também a posição da segunda força mais votada, que não está a olhar os riscos que o país corre, na ansia de chegar ao poder. Ou será ao pote?



terça-feira, 20 de outubro de 2015

Correio dos Açores - Edição de 15 de Outubro de 2015


Ponta Delgada, 14 de Outubro de 2015

Sentado no murete de betão de uma floreira pus-me a rabiscar. A curiosidade dos transeuntes foi notória. A dada altura já havia umas três crianças à minha beira e outros tantos adultos, inclusive a proprietária do solar aqui rabiscado. Disse-me que era bisneta do Capitão Donatário que mandou construir este edifício de importante destaque na freguesia de Água de Pau. Adjacente a esta construção está a Ermida de Santiago, sendo esta dedicada a São Tiago, apóstolo das Espanhas, denominado maior, por ter sido o primeiro Tiago chamado por Cristo ao apostolado.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015


Ponta Delgada, 04 de Outubro de 2015

Depois de exercer o meu direito cívico, fui praticar o meu obrigatório escape matinal de fim de semana. O dia apresentava-se cinzento mas, de quando em vez, surgiam abertas que indicavam, ou sugeriam, que o dia não ia ser tão mau quanto era de prever. Na realidade, não foi. Tanto não foi que, ao fazer este rabisco, não saí do carro.

Até chegar a Vila Franca do Campo, fui passando pelo interior das freguesias e verifiquei uma enorme quietude. Estranho, pois o dia exigia que o Povo se manifestasse em massa. Fala-se e escreve-se tanto sobre a abstenção antes das eleições, criam-se comissões parlamentares, mas o desinteresse pelo direito de voto continua a aumentar a cada quatro anos. E eu pergunto: os responsáveis políticos já pararam para pensar a sério, mas a sério mesmo, nas razões desta triste realidade? Há que mudar o paradigma.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Correio dos Açores - Edição de 30 de Setembro de 2015


Ponta Delgada, 24 de Setembro de 2015

O Mercado da Graça sempre foi um espaço que me cativou. Aos sábados de manhã, quando criança, adorava lá ir com o meu pai. Ver aquela miscelânea de cores, os verdes das hortaliças, os amarelos das laranjas e pêssegos, os vermelhos das maças e até mesmo o roxo dos nabos. Pois é, a visita a este espaço, tanto casual, como para as naturais compras que o mercado merece, faz-nos sempre saltitar no desejo de transpor para o papel todas aquelas formas e cores que são sempre um consolo à vista. Há hora que fiz este rabisco, já o mercado estava a fechar. Não consegui, pena. Fica para outra oportunidade. 

Correio dos Açores - Edição de 23 de Setembro de 2015


Ponta Delgada, 20 de Setembro de 2015
Fiz este rabisco sentado no meu carro. Comecei muito timidamente pela torre da PT, é assim que eu a identifico aos amigos, e o desenho foi-se compondo a partir desta peça que é um encaixe perfeito visto de todos os ângulos de quem observa a nossa marginal. Na coloração procurei apenas dar destaque aos telhados e às sombras.

Realizado o rabisco, resolvi percorrer a pé as artérias da minha cidade. Deparei-me com a exposição de reproduções de telas do Pintor Domingos Rebêlo nas arcadas da Praça Gonçalo Velho. E, imaginem, tive como cicerone desta exposição o neto do artista: Jorge Rebêlo, meu amigo. Casualmente, o Jorge ia a passar e chamei-o. Foi enriquecedor ouvir as suas explicações à obra do seu avô. Ponta Delgada ficou a ganhar. Melhor: a exposição será itinerante pelas diversas freguesias do concelho.  Levar cultura, levar um artista de expoente máximo da arte portuguesa enriquece aqueles que a observam. Parabéns à Câmara Municipal de Ponta Delgada, aos organizadores e, pelo incansável trabalho de divulgação das obras do artista, desprovido de pretensiosismos, ao Jorge Rebêlo.