"O artista, um contemplativo que passa, atento somente, às manifestações de cor, de harmonia e de beleza, que escapam aos olhos dos outros."
Domingos Rebêlo, num artigo que escreveu sobre os seus tempos de estudante em Paris, in "Açoreano Oriental", 13 de Janeiro de 1946.

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Correio dos Açores - Edição de 30 de Novembro de 2016


Ribeira Grande, 27 de Novembro de 2016

Este rabisco é a minha observação quando abro as portas da varanda. E, confesso, não me agrada. Não me agrada especialmente a coloração feita com lápis de cor aguareláveis. Mas cada vez mais me capacito que na próxima chance o resultado será melhor. Não sou tão lunático ao ponto de comparar a vida com um rabisco. Mas o certo é que o treino e a persistência fazem com que haja uma progressão natural de melhoria inerente, neste caso, à observação e desenho. E isso reflete-se, naturalmente, a tudo o que nos rodeia. Aos exercícios de matemática que a minha filhota tem a incumbência de resolvê-los, à simples condução de um automóvel. Portanto, a ênfase é não desistir.

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Correio dos Açores - Edição de 23 de Novembro de 2016


Ribeira Grande, 20 de novembro de 2016

Hoje apresento-vos a Ermida da Nossa Senhora da Ajuda, nos Fenais da Ajuda. Para saber o nome deste velho templo, tive que perguntar, a quem passava e o mais caricato da situação é que um habitante local não me soube informar. Fiquei perplexo, mas a verdade é que, no local, não existe uma única placa informativa nem mesmo a referência ao nome da Ermida. Já há algum tempo, a acompanhar um rabisco aqui publicado, referi a falta de informação e algum embelezamento nos nossos miradouros dispersos e constantes pela nossa ilha. Bem sei que aqui, neste local, não devemos exigir às entidades públicas a feitura desta informação cultural. Mas não ficava nada mal à Junta de Freguesia, junto com a Igreja local, tomarem a iniciativa de prestar essa informação ao cidadão comum, ao visitante e até ao próprio habitante da localidade. Bom, se calhar fui eu que tive o azar de não ir direito à pessoa certa.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Correio dos Açores - Edição de 16 de Novembro de 2016


Ponta Delgada, 12 de Novembro de 2016

Nas primeiras horas depois do nascer do sol, o dia prometia ser claro, soalheiro e apetecível para deambular por algumas artérias da cidade da Ribeira Grande, com o intuito de captar pormenores: aspectos urbanos que, por certo, iriam despertar o meu desejo de rabiscar. Porém, o início da tarde veio quebrar essa promessa e este rabisco foi desenhado no interior do carro. Fiquei muito próximo da fachada desta igreja. Com medo de errar, comecei com a grafite e posteriormente com tinta-da-china. A coloração, tal como tantas outras, foi feita no conforto e no quentinho da nossa casa. Fica, então, o registo da tarde sombria, mas que, de forma habitual, consegui trazer o gosto pelo hobbie até casa, fazendo perdurar as sensações vividas aquando da sua realização.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Correio dos Açores - Edição de 9 de Novembro de 2016


Ponta Delgada, 05 de Novembro de 2016


Sentado de costas na base do pedestal da estátua de S. Miguel Arcanjo, observo o bonito edifício, de estilo barroco dos séculos XVII e XVIII, dos Paços do Concelho de Ponta Delgada. Outrora já o tinha rabiscado e, tal como agora, não acertei com as proporções. Ainda assim, fica o registo, a tentativa. Enquanto desenho, registo ainda a presença de turistas pelas nossas artérias, todavia, não com o elevado número como se viu o verão passado. Por sinal, neste sábado, senti a cidade mais minha. Não tão cosmopolita e a preparar-se para o Natal. E com este chegam os “pisca-pisca” e os “ho-ho-ho” dos bonecos robô, vestidos de vermelho e de barbas brancas. É assim a mutação, enquanto na natureza temos o desabrochar das flores, o aparecimento dos diferentes matizes de verdes, o cair das folhas caducas, na sociedade temos transformação de conceitos consoante as épocas e vivências.