Ponta Delgada, 18 de Janeiro de 2015
A minha cidade já não está, desde
2008, de costas voltadas para o mar. Por gosto, ou por hábito, o meu olhar tem
ido quase sempre para o interior. Mas neste domingo, virei-me para sul. Vi o
imenso cinzento à minha frente. Um cinzento mesclado de negro, tal como
interpreto o imponente investimento efetuado na realização desta obra que aqui represento
neste rabisco. Imponente pelo tamanho, não tanto pela sua beleza. Imponente
pelo valor gasto, que inicialmente teria um custo 44,5 milhões de euros e que
terminou com 69,7 milhões de euros (valor final recolhido no relatório N.º 7/2011-FS/SRATC).
Carlos César, o então Presidente
do Governo Regional do Açores, no dia da inauguração (5.Jul.2008), dizia: “as
portas do mar são a grande transformação, para melhor, de Ponta Delgada, nas
últimas e nas próximas décadas... Não são obras de exibição, não são obras de
esbanjamento de dinheiro…” Pois, se não são obras de exibição, e eu até aí
concordo (apenas por ser uma obra necessária), dizer que não são obras de
esbanjamento de dinheiro, eu já não estou na mesma linha de pensamento. Fazendo
uma simples conta do valor que seria e do valor que foi, se 25,2 milhões de
euros não é um esbanjamento, então, o que é um esbanjamento? Terá valido a
pena? Viremos ter retorno? Existem muitas dúvidas. E maiores dúvidas há quando
analisamos o gasto dos dinheiros públicos.